O Presidente do PSOL na Bahia e graduado em Geologia pela UFBA, Marcos Mendes, explica que Salvador é a cidade que possui o maior índice pluviométrico da Bahia e, geralmente, acontecem precipitações pluviométricas acima do esperado. Mesmo assim, a Prefeitura Municipal não implementa uma política habitacional para inibir ocupações e construções espontâneas em áreas de risco. “ Toda a cidade é prejudicada com as fortes chuvas. A sociedade é muito atingida com os alagamentos, os engarrafamentos no trânsito e as mudanças na rotina do cidadão”, pontua.
Entretanto, Mendes salienta que os pobres e negros da periferia da capital baiana são os que mais sofrem com as chuvas torrenciais. “ São essas famílias que ficam soterradas durante os deslizamentos. São as mães negras do subúrbio de Salvador que choram à perda de seus filhos e familiares. Mais uma vez, percebemos de forma nítida uma representação do racismo ambiental presente em nossa sociedade”, desabafa. Segundo ele, se os deslizamentos de terras ocorressem em bairros nobres, com vítimas fatais, os gestores municipais já teriam tomado às devidas providências para impedir a incidência dessas mortes.
O Mestre em Geologia Ambiental explica que Salvador tem uma estrutura topográfica bastante complexa, dividida em cidade alta e baixa. O Geólogo esclarece que a topografia baiana possui muitos pontos de deslizamentos e apresenta falha geológica provocada por movimentos tectônicos pretéritos. As encostas possuem um material muito argiloso. “ Por isso, quando ocorre uma chuva torrencial, há uma enorme infiltração dessas áreas, formando um verdadeiro lamaçal e ocasionando em deslizamento de terra”, conta.
Mendes diz que, de acordo com dados fornecidos pelo CODESAL, foram registrados 616 locais considerados como “críticos”, com elevada possibilidade de deslizamento em Salvador. O Geólogo acredita que a quantidade de “pontos” vulneráveis seja maior e propõe que seja estabelecida uma parceria entre a Prefeitura Municipal e os Institutos de GEOCIÊNCIAS e GEOTECNIA da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com o intuito de fazer um novo mapeamento, mas, também, discutir soluções preventivas para evitar que novas tragédias ocorram. “ O problema dos nossos gestores é que eles combatem apenas as consequências e não atacam as causas através de um trabalho preventivo”, enfatiza.
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