Buck Jones marcou a música baiana ao ser um dos integrantes da Banda Mel, uma das bandas que encarnaram o Axé Music nos primórdios do gênero. No Carnaval que marca o aniversário de 30 anos do ritmo, o músico demonstrou insatisfação com o momento do Axé. “O Axé está politicamente correto, não pode. Existe o Axé e os axés. O que eu represento põe o dedo na ferida, não tem medo de falar a verdade”, disse o cantor neste domingo (15), no Camarote Expresso 2222. De acordo com ele, quando o gênero surgiu eram feitas músicas que falavam dos problemas da sociedade, como “Incenso de Índio” e “Protesto Olodum (E Lá Vou Eu)” e essa característica se perdeu com o tempo. “O Axé não perdeu a relação com o povo, eu acho que a indústria do carnaval naturalmente, como qualquer tipo de produção em massa, afasta a questão do pessoal, da confecção da música perto das pessoas”, disse Buck. Hoje em dia, os artistas não teriam a ousadia de brigar com seus empresários para gravarem o que querem e precisariam parar de olhar “para o próprio umbigo”. “Estamos vivendo uma vida de faz de conta, onde parece que está tudo bem, para que a gente não desagrade o poder público e pra que o poder público não se sinta inclinado a nos negar o que nos é de direito. Eu defendo que os artistas não troquem a sua cultura por um carro zero. Faça a sua cultura porque ela é o seu alicerce pra encontrar coisas maiores do que bens materiais, porque quem trabalha em prol da humanidade segue, sem querer, esculpindo seu nome para além da eternidade”, filosofou o artista. Apesar de tudo, Buck Jones se disse honrado por poder fazer parte da festa, já que será homenageado pela Banda Eva na terça-feira (17), e disse que o seu “Axé Resistência” é representado hoje em dia por Edson Gomes. “Eu gosto de falar de mim, eu me conheço, porque não tenho rabo preso com ninguém. Acho que Edson é um cara que contesta”, finalizou.
Fonte Bahia Notícias
Nenhum comentário: