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Hoje, data em que a primeira mulher assume a Presidência da República do Brasil, torço e peço a Deus para que nosso país possa ir bem nos próximos anos.
A presidenta, como ela gosta de ser chamada, Dilma Rousseff pode ter a certeza de que não farei parte do grupo do quanto pior melhor, da oposição pela oposição. Como disse em vários momentos ao longo da campanha eleitoral de 2010, vou exercer o espírito republicano que deve conduzir o discernimento daqueles que fazem política voltada para o interesse público, sobretudo no reconhecimento dos acertos, na crítica aos equívocos, para que sejam superados, e na disposição democrática de ouvir e buscar consensos amplos e abertos.
Dilma herda dos oito anos de governo Lula um Brasil que atingiu certa maturidade econômica, elevou seu prestígio e respeito na geopolítica internacional, tirou 28 milhões de pessoas da linha da miséria, permitiu que outras 36 milhões passassem a engrossar a classe média e reduziu o desmatamento da Amazônia em 75%.
Ainda assim, nossa presidenta terá de lidar com enormes carências que não foram enfrentadas com eficiência pela administração anterior do PT. A baixa qualidade do nosso sistema educacional persiste. O acesso ao saneamento básico, essencial para melhorar o padrão de saúde da população, está longe da universalização (apenas 40% do lares têm acesso à rede de esgoto). Os governos federal e estaduais não cumprem sua parte no financiamento da saúde pública, o que amplia o ônus para os municípios e, portanto, afeta o atendimento aos que dela necessitam. Os ruralistas agem no Congresso, com apoio de segmentos da base do governo, para reformular o Código Florestal e conter os avanços da legislação ambiental no país. O crack virou uma epidemia e coloca sob ameaça uma geração de jovens. A segurança pública em diversas das grandes cidades do país está sob constante ameaça, e a população sob intenso medo.
Isso sem contar os esquemas de corrupção que se alimentam do poder público, tentam dominá-lo para satisfazer seus interesses particulares e buscam restringir as ações daqueles que se opõem com firmeza aos desmandos e abusos.
É para a superação desse passivo social e político que eu espero ver ações contundentes do governo Dilma para fazer jus à confiança que a maioria dos brasileiros deposita em sua futura administração.
Pelo fato de ser mulher, espero também que nossa presidenta ponha a serviço da política aquilo que nos diferencia do jeito masculino de liderar – capacidade de escutar e de acolher, a busca do entendimento e do equilíbrio, a gestação do futuro.
O Brasil tem tudo para se tornar uma das grandes lideranças deste século, não na corrida insensata apenas pelo poder econômico, mas, sim, na construção de um planeta no qual a vida em todas as suas formas seja celebrada, que consiga fazer do grave estado de degradação a que chegou, o ponto de partida para um futuro no qual todas as pessoas e nosso ambiente natural sejam respeitados e tratados com dignidade. Compete à nova presidenta se engajar na realização desse desígnio e fazer a sua parte para assegurar o bem-estar à atual e às próximas gerações de brasileiros.
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